Os meses iam passando e a vida continuava. Tia Gilda ficara ainda mais gordinha com o acontecimento da gravidez. Quando a criança já estava para nascer, resolveu ir visitar sua irmã e o nosso menino.
Tocou a campainha. Comprimentos, beijos e abraços. Saudade! Tia Gilda repetiria esta palavra mais uma vez naquele dia. Conversaram sobre o nosso menino, as dificuldades de ser mãe e outros assuntos não relevantes a nossa narrativa.
Tomaram chá. Tia Gilda foi até o cercadinho onde o sobrinho sapeca brincava. Olhou pra o menino e disse: “E o menino crescia em graça e estatura!”, relembrando das palavras que havia escutado durante as leituras da missa naquele domingo. Ela tinha um apreço muito grande pelo menino que fitava seu barrigão achando-o desajeitado.
Chamou aparte sua irmã e comunicou a ela o motivo da visita. Disse que Luís havia recebido uma proposta de emprego na França em uma equipe médica de renome. Oportunidade irrecusável! Contou ainda que fora decidido entre eles os próximos passos da família: ela ficaria no Brasil mas um mês, até sua filhinha nascer, mas logo depois também se mudaria para França com o marido, por um tempo indeterminado.
Todos ficaram tristes na casa. Tia Gilda sempre fora a pessoa mais iluminada da família em termos de alegria e diversão. Quanto ao nosso menino, ele ainda era muito novo para entender o que estava acontecendo... Sentirei saudade! – disse tia Gilda para ele com olhar de reciprocidade.
Ao pegá-lo no colo, o menino tocou a barriga da grávida com as mãozinhas e fez uma carinha de espanto. Tia Gilda concordou com ele dizendo que ela era grande mesmo. Risos! Depois o menino encostou sua cabecinha na tia como se quisesse escutar o que havia ali dentro. Como num momento mágico, nosso pequeno mimado disse suas primeiras palavras: “Anjo!”. Tia Gilda concordou com o menino: “Sim! É um anjinho que está crescendo aí dentro.”... O menino sorriu. Foi um momento puro e terno.
Tia Gilda despediu-se num gesto simples, como se quisesse prolongar o tempo de espera e partida que lhe restava.
Tia Gilda despediu-se num gesto simples, como se quisesse prolongar o tempo de espera e partida que lhe restava.
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