Os dias foram passando. Tio Luís viajou para França duas semanas depois da visita inesperada de tia Gilda. Ela, por sua vez, tentava manter-se forte mesmo prestes a dar a luz. No dia em que estava programado o parto, passou a sentir as dores da contração uterina. Ligou para irmã que veio rapidamente socorrê-la.
Às 7:35h daquela sexta-feira, nasceu Juliana, uma menina linda e serena. Suas feições eram suaves e arredondas. Lembrava em muito os traços da Tia Gilda. O nosso menino ficou com os avos na recepção. Eles estavam nervosos enquanto o menino descontraia o ambiente com sua risada divertida em resposta aos sons engraçados do ambiente inusitado para ele.
Então apareceu sua mãe dando a notícia do nascimento. Todos comemoraram. Entraram no quarto, deram os parabéns para a Gilda e foram apresentados ao novo membro da família: Juliana. Nosso menino ficou sério. Alguém comentou a reação.
Tia Gilda disse: “Se ele não fosse cego, tadinho, iria adorar vê-la de verdade, não é verdade, mana?”. A irmã respondeu afirmativamente com a cabeça, mas com o olhar triste. Seus olhos estavam úmidos. Ficaram um tempo ali. Depois, os avos pegaram nosso menino e o levaram para a casa. Cuidariam dele naquela noite. Ao sair do quarto, o menino colocou sua cabeçinha sobre os ombros da avó. Fitou a prima com um olhar vago, como se quisesse enxergá-la de verdade. Por que havia ficado tão sério? A menina o olhava fixamente. Então ela sorriu enquanto o nosso menino voltara à posição fetal nos braços da avó.
Nenhum comentário:
Postar um comentário